sábado, 6 de abril de 2013




Então, eu tive que encarar o banho.Alonguei as horas, mas eu sabia que ficaria sozinha lá dentro.Tive que encarar o rímel borrado, os lábios secos e o coração descompassado.Eu tive que encarar a bagunça que eu mesma tinha feito.Mas me enganei ao ficar sentada com a água morna caindo sobre minhas costas, enganei-me porque eu esperava que aquela água pudesse me hidratar.Hidratar-me e acabar com toda essa aridez que anda extinguindo os campos floridos dentro de mim.Mas meu bem, eu não lembrei que essa secura  está dentro de mim e que água de fora não me adianta.Não me basta.
Não chorei, pela primeira vez não chorei, já falei meu amor : estou secando por dentro, não podia desperdiçar eu mesma desse jeito.Não podia me desperdiçar em gotas, apesar de saber que isso poderia trazer alívio, alento.
Ao sair: o espelho denovo.Ah esse objeto que me esquadra de forma errada, me mostra de um jeito que desconheço.Limpo o vapor dele e encaro o par de olhos que me olha de volta.Meu Deus como parecem velhos esse olhos, são de um castanho sem-graça e ... antigos.Ah mas eu penso que Capitú não seria minha amiga.Como poderia, se meus olhos são tão rasos e não têm o mar dentro de si? É, eles não têm o mar dentro de si, acho que nem alma eles têm.E também eu não tenho truques, seduções mofadas que eu possa utilizar quando for conveniente, sou só eu mesma.Sem jogos e com algumas reservas.Mas são reservas de proteção, nada muito maldoso ou criminoso.Só um pouco.
Quem sabe Capitú em uma outra vida?

2 comentários:

Bruna Nogueira disse...

Machado é sempre bom né?haha. Lindo o texto, beijos
http://alwaysconectada.blogspot.com.br/

Anônimo disse...
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